Penalidade Máxima: ex-jogador e mais dois são condenados após operação contra manipulação em jogos de futebol

Romário, Bruno e Thiago, condenados após denúncia do Ministério Pública na Operação Penalidade Máxima Reprodução/TV Globo; Reprodução/Instagram; Rep...

Penalidade Máxima: ex-jogador e mais dois são condenados após operação contra manipulação em jogos de futebol
Penalidade Máxima: ex-jogador e mais dois são condenados após operação contra manipulação em jogos de futebol (Foto: Reprodução)

Romário, Bruno e Thiago, condenados após denúncia do Ministério Pública na Operação Penalidade Máxima Reprodução/TV Globo; Reprodução/Instagram; Reprodução/ MP-GO e Redes sociais A Justiça condenou um ex-jogador e mais dois réus investigados na Operação Penalidade Máxima, que apurou manipulação em jogos de futebol. A sentença determina ainda a condenação solidária no valor de R$ 2 milhões por danos morais coletivos, divida entre os três. De acordo com a decisão, os três poderão recorrer em liberdade. Veja a pena de cada um: Romário Hugo dos Santos (ex-jogador) - 22 anos e 10 meses de reclusão e 170 dias-multa, por manipulação de resultados e organização criminosa; Bruno Lopez de Moura (empresário) - 19 anos de reclusão e 130 dias-multa, por manipulação de resultados; Thiago Chambó Andrade Yamamoto - 5 anos e 9 meses de reclusão e 50 dias-multa, por organização criminosa. As defesas de Thiago, Bruno e Romário informaram que vão recorrer (veja as notas das defesas na íntegra ao fim do texto). A decisão foi publicada no último domingo (3). Segundo o Ministério Público do Estado de Goiás, o juiz Alessandro Pereira Pacheco reconheceu que os três atuavam em diferentes partes do esquema, desde o financiamento e gerenciamento das apostas, passando pelo aliciamento de jogadores, até a realização de pagamentos a atletas envolvidos nas fraudes. De acordo com o órgão, essa é a primeira sentença condenatória proferida em ação penal decorrente da Operação Penalidade Máxima, que apontou o envolvimento de jogadores em um esquema de manipulação de resultados de partidas. Segundo o Ministério Público, as provas contra os réus incluem relatórios financeiros, depoimentos, interceptações telefônicas, mensagens extraídas de celulares e quebra de sigilos bancários e telemáticos. De acordo com a sentença, Bruno e Romário devem cumprir a pena em regime fechado, enquanto Thiago poderá cumprir a condenação em regime semiaberto. Contudo, todos podem recorrer da decisão em liberdade. Bruno Lopez de Moura Empresário Bruno Lopez de Moura acusado de chefiar esquema de manipulação de resultados de jogos de futebol; Operação é feita pelo Ministério Público de Goiás Reprodução/Instagram Segundo o documento da condenação, Bruno, que é empresário, respondeu e foi condenado pelo artigo 41-D da Lei 10.671/2003, que trata de dar ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de uma competição desportiva. O juiz ressaltou que a conduta do réu viola não apenas a lei, mas também atenta contra a ética e a integridade do esporte. “A conduta do acusado, ao dar ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de competição esportiva, demonstra um elevado grau de reprovabilidade”, diz a sentença. O acusado celebrou acordo de colaboração premiada com o Ministério Público e teve a pena inicial, de 39 anos, diminuída pela metade. Segundo o MPGO, o juiz considerou que a colaboração de Bruno não foi essencial para esclarecer os fatos. O advogado de Bruno, Kaled Lakis, informou ao g1 que a apelação da sentença está em curso. A motivação da apelação é de que “o juiz deveria diminuir a pena em 2/3 pela colaboração do réu e ainda reconhecer que houve crime continuado”, esclareceu em nota (confira a nota da defesa na íntegra ao fim do texto). LEIA TAMBÉM: 1ª FASE DA OPERAÇÃO: MP investiga grupo suspeito de fraudar resultados de jogos do Campeonato Brasileiro para se beneficiar com apostas 2ª FASE DA OPERAÇÃO: MP cumpre mandados de prisão contra suspeitos de manipular resultados de jogos do Brasileirão e cinco campeonatos estaduais 3ª FASE DA OEPRAÇÃO: Operação contra supostas fraudes em jogos de futebol cumpre mandados em Goiás e mais quatro estados Thiago Chambó Thiago Chambó, preso acusado de integrar grupo que manipulava resultados de jogos, ligou para a esposa de dentro da cadeia e pediu dinheiro para comprar celular Reprodução/MPGO e Redes Sociais De acordo com sentença, Thiago foi condenado a 5 anos em regime semiaberto pelo crime de organização criminosa. Segundo o Ministério Público, o réu foi identificado como o principal operador financeiro e um dos líderes intelectuais do grupo. No documento, a Justiça nega que sua participação tenha sido apenas pontual, como ele teria alegado em interrogatório, mas sim ativa no funcionamento da organização. De acordo com o juiz, Thiago atuava principalmente como financiador do grupo. “Fica comprovada a circunstância agravante disposto no § 3º do artigo 2º da Lei 12.850/2013, onde restou evidenciado nos autos que este exercia de forma concomitante e concorrente o comando da organização criminosa investigada”, diz a condenação. Em nota, a defesa de Thiago disse que confia na inocência do cliente “porque o conjunto probatório produzido nos autos atesta a inexistência de participação em qualquer Organização Criminosa com o objetivo de praticar corrupção esportiva” (leia a nota na íntegra ao fim do texto). Romário Hugo dos Santos Romário Hugo dos Santos, conhecido como Romarinho, é um dos acusados em esquema de manipulação de jogos em operação feita pelo Ministério Público de Goiás Reprodução/Rede Globo Com a maior pena da condenação, Romário, também conhecido como Romarinho, foi sentenciado a 22 anos e 10 meses de reclusão em regime fechado. O réu respondia pelos crimes de organização criminosa e pela manipulação em jogos com o objetivo de ganho patrimonial. O documento cita a participação de Romário no esquema com a cooptação direta de atletas para a manipulação dos jogos, além de investimentos em dinheiro. Segundo a decisão, a culpabilidade do réu é acentuada, apesar de ele ter tentado minimizar sua participação. “O vultoso investimento de R$490.000,00 a R$500.000,00 e a cooptação direta de atletas demonstram um elevado grau de reprovabilidade de sua conduta. Sua ação não se restringiu a um mero auxílio, mas configurou uma participação ativa e consciente na manipulação de resultados esportivos, visando lucro fácil”, diz a sentença. Segundo a defesa, houve excesso na dosimetria das penas impostas ao e que que tomará as medidas judiciais cabíveis para recorrer da sentença proferida. De acordo com a nota, o compromisso é buscar por uma decisão justa (leia a nota na íntegra ao fim do texto). Penalidade Máxima Manipulação de jogos de futebol: entenda como funcionava o esquema A Operação Penalidade Máxima é uma investigação do Ministério Público que apontou o envolvimento de jogadores em um esquema de manipulação de resultados de partidas (veja o vídeo acima). De acordo com as investigações, os atletas eram acionados por apostadores, que prometiam dinheiro caso os esportistas cometessem penalidades específicas. Com isso, os integrantes do esquema lucravam em sites de apostas esportivas. Segundo o Ministério Público, o grupo cooptava jogadores com ofertas que variavam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil. Os lances que os jogadores deveriam cometer incluíam: cartão amarelo, vermelho, cometimento de pênalti ou placar parcial na partida e até número específico de escanteios. Infográfico sobre como funcionava a divisão dos núcleos de aposta irregular no futebol Kayan Albertin, Arte g1 De acordo com o MP, o esquema era dividido em quatro núcleos: de apostadores, financiadores, intermediadores e administrativo. Os núcleos funcionavam da seguinte forma: "Núcleo Apostadores": formado por responsáveis por contatar e aliciar jogadores para participação no esquema delitivo. Eles também faziam pagamentos aos jogadores e promoviam apostas nos sites esportivos. "Núcleo Financiadores": eram os responsáveis por assegurar a existência de verbas para o pagamento dos jogadores aliciados e também nas apostas manipuladas. "Núcleo Intermediadores": eram responsáveis por indicar contatos e facilitar a aproximação entre apostadores e atletas aptos a promover a manipulação dos eventos esportivos. "Núcleo Administrativo": responsável por fazer as transferências financeiras a integrantes da organização criminosa e também em benefício de jogadores cooptados. Ainda segundo o MP-GO, há outras ações penais em andamento sobre o caso, com outros réus além dos condenados nesta primeira decisão. Nota da defesa de Thiago Chambó "A defesa de Thiago Chambó, representada pelo advogado William Albuquerque de Sousa Faria, recebe com preocupação a dura sentença condenatória de seu cliente. Ademais disso, confia na inocência de Thiago Chambó porque o conjunto probatório produzido nos autos atesta a inexistência de participação em qualquer Organização Criminosa com o objetivo de praticar corrupção esportiva nos jogos do futebol brasileiro e aludida irresignação será demonstrada pelos recursos que serão interpostos". Nota da defesa de Bruno Lopez de Moura COMO ADVOGADO DO RÉU BRUNO LOPES DE MOURA, CONDENADO NO PROCESSO Nº 5502356-35.2023.8.09.0051, VENHO INFORMAR QUE JÁ ESTAMOS APELANDO DA SENTENÇA, POIS ENTENDO QUE O JUÍZ DEVERIA DIMINUIR 2/3 DA PENA EM RAZÃO DA COLABORAÇÃO PREMIADA E NÃO METADE E AINDA RECONHECER QUE HOUVE CRIME CONTINUADO (ARTIGO 71 DO CÓDICO PENAL). Nota da defesa de Romário Hugo dos Santos A defesa de Romário Hugo dos Santos informa que tomará todas as medidas judiciais cabíveis e recorrerá da sentença proferida recentemente, tendo em vista que, após uma análise técnica e minuciosa da decisão, foi constatado um evidente excesso na dosimetria das penas impostas, o que contraria a jurisprudência consolidada e os princípios básicos do nosso ordenamento jurídico. Com a interposição do recurso de apelação, a defesa submeterá as razões ao Tribunal, suscitando todas as questões técnicas que devem ser corrigidas. Nosso objetivo é demonstrar que a pena aplicada não se coaduna com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, que norteiam o Direito Penal e Processual Penal. Acreditamos firmemente que a revisão da sentença é essencial para garantir a justiça no caso concreto. A defesa reitera seu compromisso com a busca por uma decisão justa, confiando que o Tribunal analisará o caso à luz dos princípios constitucionais e dos critérios técnicos necessários para um julgamento equânime e equilibrado. 📱 Veja outras notícias da região no g1 Goiás. VÍDEOS: últimas notícias de Goiás

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